segunda-feira, 28 de março de 2005

E ainda dizem que a bebida...

Desde que João começou a tomar sua cervejinha lá pelos seus 16, 17 anos , todo final de semana era aguardado com grande expectativa, pois era quando podia curtir sua cerveja a vontade, sem contar é claro toda Long Neck que tomava diariamente à noite.
Depois de alguns anos João era um expert no assunto, distinguia sem muita dificuldade ao beber cada marca de cerveja, dizendo até para o espanto de todos o lugar em que ela tinha sido engarrafada.
Só que já enjoado pela mesmice de saber tudo, decidiu que ia dedicar seu tempo livre a conhecer outras bebidas e assim foi seguindo a sua vida, um final de semana bebia Campari, outro Vinho, Vodka e o que mais tivesse pela frente. O ruim era que pelo trabalho "cientifico" que fazia, precisava experimentar as piores bebidas do universo, inclusive as falsificadas e as vodkas Balalaikas da vida.
Acontece que chegou um tempo em que João já havia provado todas as bebidas possíveis e mais uma vez sentiu aquele vazio dentro dele. Decidiu então que ia partir para as misturas. É...ia passar a inventar drinques, "...Se um americano inventou o Blood Mary , eu também posso inventar algo...", pensava ele.

Só que antes de começar sua nova pesquisa, foi visitar um médico por insistência da sua família e amigos, pensavam que ele podia estar com alguma doença grave ,entretanto para surpresa de todos, ele estava perfeito, em ótimo estado, "...Graças a minha santa Qualada ( argh!! )..." dizia ele. E assim pode seguir em frente.
Na sua peregrinação inventou tantos drinques, mas tantos drinques que perdera a conta. Se tornou famoso no mundo inteiro, foi capa da Veja, Isto é e imagine você, até da Time. Deu entrevistas no Jô Soares, no Larry King, no David Letterman, em tudo que pudesse aparecer , apareceu. Tinha passe livre com diversos presidentes do mundo.
Em Cuba às vezes ia de jatinho, só para preparar um especial para Fidel, ganhou o titulo de Sir do Príncipe Charles pelas maravilhas que fazia com o seu Scotch, do Presidente Lula ganhou a medalha de honra ao mérito, por inventar uma nova caipirinha que ajudou o Brasil a quadruplicar as exportações e ter o maior Superávit da história, ajudando assim na geração de empregos e tudo mais.
Assim João ficou rico, famoso, reconhecido. Costumava sempre dizer nas suas entrevistas, "..E depois dizem que beber não leva a nada...", com um certo ar de ironia que só os bem sucedidos podem ter.
Só que depois de um tempo, apesar de tudo que a vida lhe proporcionara, João passou a sentir aquele mesmo vazio de antes e já não sabia mais o que fazer pra curar tal sensação. E então resolveu que ia parar de beber, marcou um coletiva com a imprensa mundial e decidiu que tinha chegado a hora de parar e tudo mais, para o desalento de milhões de pessoas no mundo todo.
Hoje, mora num sítio no interior do Rio de Janeiro, fazendo experiências com sucos, elaborando novos sabores e desde aquele dia nunca mais botou uma só gota de álcool na boca. Vez ou outra, aparece alguém da empresa para fazer uma matéria e oferece uma cervejinha e tal, mas ele resiste bravamente, dz que "...não tem mais graça...".
E continua a viver sua vida, elaborando sucos junto com o seu vizinho, um tal de Zeca Pagodinho...