sábado, 18 de novembro de 2006

Devaneios de Uma Mente Vã: O Inicio do Fim

I
Cansei de tudo.
Cansei da vida. De noites mal dormidas.
Nesse moquifo que moro, que me disseram que se chamava "quarto".
Não devia me cansar, sei disso.
Li tanta coisa sobre persistir. Ir em frente. Seguir. Mas infelizmente cansei, fazer o quê?
Sou o estereótipo em pessoa.
Um cara normal cansado de correr na direção contrária.
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada.
Sou mais um cara.
E já estou derrotado.
Sinto isso dentro de mim, me invadindo.
O que me resta a fazer então?
O que o destino me aprontará?
Sou covarde demais para tirar minha vida. Então resolvo sobreviver.
É isso! Vou sobreviver.
Apenas isso.
Vou pedir demissão. Ficar em casa o dia inteiro.
Vendo TV, vegetando.
Comendo porcarias, insultando santos.
Porque nunca pensei nisso?
A partir de hoje renegarei minha família e meus poucos amigos.
E viverei só, trancado no meu quarto.
Até que minha força se vá completamente.
E eu morra sufocado no meu próprio vômito.
É isso que vou fazer.
Amanhã será um grande dia! Com certeza.
O dia em que recomeçarei.
Trilhando o início do meu fim.
II
Já tomei todas as decisões.
E já comecei a pratica-las.
Me demiti hoje cedo, foi bem bacana.
Falei impropérios e palavrões para o meu chefe em quantidades inimagináveis.
Só não deu para chutar o traseiro dele. O merda estava sentado.
Mas tudo bem, foi revigorante.
Até parece que nasci de novo.
Vou pegar uma boa grana da rescisão, vou passar meus últimos dias em grande estilo.
Uma espécie de Nicolas Cage em "Despedida em Las Vegas".
Mais muito mais junkie.
Muito mais fast food.
Agora vou no banco acabar com o resto do meu limite.
Morro de vontade de mandar todos se fuderem.
Mas ainda vou precisar deles. Isso me retrai.
Em pensamento digo tudo que queria dizer.
Aproveito e faço mais um empréstimo.
Mais uma divida que nunca vou saldar.
Afinal de contas, qualquer dia desse morro.
Mais grana para o meu fim, com certeza.
Ao ir andando para o meu "palácio", vejo um mendigo.
Um não, uns quinzes deles.Essa nova classe social proliferada nas grandes cidades.
E dou todo o dinheiro que peguei emprestado para um deles.
Coloco em um envelope, jogo nele e vou embora.
Me sinto uma espécie de Dom Quixote. Ou um Robin Hood moderno.
Refaço meus pensamentos.
Não preciso de tanto dinheiro, se quero morrer urgentemente.
Na verdade, sacaniei o banco. E isso me reanima, penso que sou um super herói.
E é isso que quero ser daqui pra frente quando acordar.
Comentário: O que está escrito abaixo é o ínicio de uma "novel" que fiz há algum tempo, composta de 30 partes. Essas são as duas primeiras. E é sobre um anti-herói, um cara normal. Qualquer dia desses, coloco o resto.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Simples Prazer

Quando escrevo não sou ninguém
Sou qualquer um, sou certo
Não me interessa ser alguém
E nem tão pouco incontesto
Quando escrevo sou diferente
Sou romântico, sou sofredor
Vez ou outra inconsequente
E quase sempre sonhador
Quando escrevo sou mero amigo
Sou super héroi, sou o vilão
Quase nunca sou contido
Escrevo o que vem a mão
Quando escrevo não tenho métrica
Nunca a isso vou me prender
Sou apenas um cara sem regra
Que escreve pelo simples prazer