quarta-feira, 20 de abril de 2005

Retrato Abstrato

Hoje nada mais sou que um retrato abstrato sem inspiração
Que depois de tanto tempo ainda reflete a sua imagem
Ainda insiste em caminhos que já deixaram de ser meus
E continuo tolamente acreditando em devaneios mal feitos

Sigo vestido e alinhado com roupas de um brechot qualquer
Desarmado compro briga com casos e historias sem fim
Assisto ao passar de tudo, imóvel, um ser inanimado de graça
E continuo sinceramente esperando que algo me caiba

Em uma esquina qualquer tomo um trago, invento um papo
Destruo castelos que não merecem ter a minha construção
Com o teu rosto sendo jogado pelos outdoors da cidade
E continuo incrivelmente apostando na sua indecisa arte

Em frente ao papel despejo palavras sem qualquer nexo
Talvez ninguém entenda e quem compreenda não queira mais
Apostando em uma corrida de vencedores previamente marcados
E continuo absurdamente vivendo como um idiota e sua causa