terça-feira, 13 de setembro de 2005

Pilulas Imaginárias de um Cotidiano (nem tão imaginário assim...)

I
Paulinho quando criança não diferenciava em nada dos outros meninos da sua turma, brincava, corria, andava de bicicleta e como qualquer outra criança de sua idade ao entrar na sua puberdade tinha desejos e sonhos libidinosos com mulheres. Eram comuns as sessões de filme pornô na casa de algum amigo, as revistas masculinas guardadas embaixo do colchão, a "espiada" nas meninas da sala e coisas do tipo consumadas em posteriores atos de masturbação. A única diferença entre Paulinho e os outros é que ele vinha de uma família extremamente católica, participava do coral da igreja, dos movimentos e isso o externava de culpa quando um padre lhe dizia que se masturbar era "coisa do demônio", que cresceria pêlos em sua mão, inúmeros medos que o aterrorizavam e em sua confissão semanal deixava o garoto rezando uma dezena de ave marias para se redimir de seus graves pecados. Diante disso, Paulinho entrava em um constante atrito entre desejo e medo, uma relação de amor e ódio com suas musas Vera Fischer e Luiza Brunet e constantes surras de seu pai quando achavam suas revistas escondidas. E tome uma dezena de ave marias em outra confissão.Hoje depois de tantos anos, Paulinho não existe mais. Virou Lafayette. Faz ponto na praça da republica enquanto junta dinheiro para conseguir trocar de sexo. E nunca mais se confessou.
II
Carlos Alberto sempre sonhou em ser músico. Enquanto moleque na sua cama pulando e girando com sua guitarra imaginária ao som de Jimmy Page no último volume, esperava ser um rock star. Só tinha um pequeno problema, Carlos Alberto nascera sem o dom para a música. Tentara de tudo, fizera curso de teclado, guitarra, baixo e até bateria, mas em nada demonstrava talento, sua técnica e aptidão para a música eram desprezíveis. Sua vida se tornara um fiasco total, ainda mais quando seus pais lhe cobravam sobre seu "futuro" que não saia, pois não estudava, vivia moribundo pelos cantos. Resolveu se mandar, dar uma volta, morar fora uns tempos, aliviar a cabeça, ter outros sonhos, esquecer da música. Foi para os USA. Fez universidade de jornalismo e se tornou um dos críticos de música mais famosos do mundo escrevendo para a Rolling Stone e o New York Times, onde despeja toda a sua raiva e frustração em textos fulminantes sobre seus ex-idolos e sobre as novas apostas do rock.


segunda-feira, 12 de setembro de 2005


Há uma esperança
Acontecendo em algum lugar
Mas onde quer que eu vá
A solidão sempre me acha
Há um amor perdido
Nas mesas de algum bar
Mas por onde eu queira andar
A solidão sempre me acha
Há palavras no ar
A serem ditas sem pensar
Mas onde quer que eu pense
A solidão sempre me acha
Há tristezas vagando
A serem expurgadas por alguémM
as por onde quer que estejam
A solidão sempre as acha

domingo, 11 de setembro de 2005

Tom Tom´s Song

Todo dia a vida passa
Como num comercial de TV
Milhões de rostos sem graça
Sem nada pra dizer
Vivo isso o tempo todo
Todo tempo já é pouco
Escutando pensamentos tolos
Provando novos sopros
Todo dia a vida enjoa
Como uma canção sem emoção
Baladas de amor à toa
Sem um pingo de paixão
Vivo isso o tempo inteiro
Inteiramente sem porquê
Esmagando cigarros na parede
Procurando o que fazer
Todo dia a vida padece
Nos jardins da solidão
Tantos anos na mesma coisa
Seguindo a mesma procissão
Sinto isso há muito tempo
Tempos nem tão rebeldes
Sorrindo pra quem importa
Agradando quem abre a porta
E assim tudo caminha sem causar satisfação
E assim a vida se prostitui nos cabarés da repetição