segunda-feira, 20 de junho de 2005

Retratos da vida

Augusto sempre fora na sua vida um cara alegre, de bem com a vida, aquele indivíduo que animava todas as mesas de bar onde freqüentava. Namorava já fazia mais ou menos uns 6 anos com a belíssima Ana Paula e durante todo esse tempo os dois nunca haviam brigado, parecia que sua paixão era como um filme de hollywood, um eterno final feliz. Os seus amigos comentavam que os dois só não se casariam por um capricho do destino. E ele aconteceu.
Ana Paula que estava se formando em Direito na universidade, recebeu uma proposta irrecusável de passar 2 anos se especializando nos EUA, com posterior contratação profissional. Ana conversou com Augusto sobre o assunto e pela primeira vez tiveram uma briga feia. Ela decidiu ir embora apesar de não estar muito certa disso e ele ficou transtornado com o fim daquilo que julgara ser o romance ideal.
O mundo de Augusto começou a desabar. As palavras que mais lhe faziam sentido eram amargura e solidão. Certo dia ao chegar do trabalho, queimou todas as fotos que possuía de sua amada, com exceção de uma que mandou ampliar, colocar uma moldura e pendurou no escritório que mantinha em casa.
Desse dia em diante, passou ao chegar do trabalho, se servir de uma dose de uísque e sentar em frente ao quadro, ficando a admirar o mesmo por horas e horas. E por mais que seus amigos lhe instigassem a sair dessa fossa, que sua família se preocupasse com ele, de nada adiantava. Continuava sua rotina por alguns anos, já que de Ana Paula nunca mais ouvira noticias e ainda que alguém lhe quisesse contar algo, escutava tais informações com um descaso monumental.
Até que um certo dia, uma faxineira nova derrubou o quadro e a moldura se quebrou, ela assustada fez cair o detergente em cima da foto, desfigurando-a por completo. Augusto ficou inconsolável pela segunda vez na vida, depois de tanto tempo foi como se tivesse perdido Ana Paula novamente. Feito um louco desvairado correu atrás de notícias dela pelos quatro cantos da cidade, vasculhou agendas antigas, até descobrir que ela estava trabalhando em Hong Kong representando os interesses de uma grande multinacional.
Marcou uma viagem urgente e foi embora para a cidade. Lá chegando, marcou um encontro com sua eterna e amada Ana, que completamente surpresa com presença do grande amor de sua vida, aceitou de imediato. Foram a um café e ela emocionada com tal fato inusitado, abriu seu coração, disse que nunca o tinha esquecido, que só não o havia procurado antes pois achara que ele já a esquecera, enquanto ele assistia tudo sem expressar quaisquer sentimentos pungentes, a não ser um misto de nostalgia e impavidez.
Conversaram, beberam seus cafés e antes de se despedirem, ele pediu para tirar uma foto dela de lembrança. Quando foi embora, Ana ficou desolada ao ver seu grande amor partir e não entendeu o porquê dele ter ido ao outro lado do mundo para fazer somente aquilo, beber um café e tirar uma foto. Ela se sentiu uma completa idiota por ter lhe contado tudo o que sentira e por ainda pensar nele depois de tanto tempo.
Chegando novamente em casa, Augusto revelou a foto e mandou fazer um outro quadro bem mais bonito e suntuoso que o anterior para colocar novamente em seu escritório. E até hoje para completa confusão de todos que não entendem suas atitudes, ele continua sentando à frente desse quadro todos os dias, com sua dose de whisky na mão à admira-lo.
E por dentro de sua singular pessoa ocorre uma sensação de alivio e segurança, pois por mais que lhe quebrem esse quadro, há outros guardados no porão junto com o negativo, pois assim ele sabe que terá a certeza de que nunca mais será abandonado outra vez.

domingo, 19 de junho de 2005

A trilha sonora da vida

Na vida sempre temos aqueles discos que encaixam perfeitamente em determinadas situações do nosso dia a dia. Não são os melhores, nem os piores, às vezes nem são de uma banda ou artista que gostamos, mas se encaixam perfeitamente em alguns dias.Dentro dessa lista, destaco alguns meus. Só para variar, continuo dando opinião para o que não sou chamado. Mas vamos lá.
Toda vez que to triste, puto com a vida, baqueado sentimentalmente, ou algo do tipo, pode estar certo que quando chegar em casa vou botar pra rolar o “Automatic for the people” do R.E.M. Para curtir uma fossa não tem igual.
Por outro lado, quando to alegre para caramba, e to me arrumando para ir a festas, ou qualquer coisa que me agrade. É simples, o “Dookie” do Green Day, vai tocar. Ô disquinho pra cima, vou te dizer.
Se o negócio é fazer esforço físico, malhar e tal (vocês devem estar pensando, e desde quando esse cara malha?, mas nas três semanas que sucederam a compra da minha esteira há uns três anos, eu fazia sim. É certo que hoje a mesma está quase imprestável por falta de uso, mas isso não vem ao caso.) Vou, ops!, ia de The Clash, com o, “The Essencial”,muito bão.
Se simplesmente, chegando em casa, cansado do trabalho, precisas de uma música para relaxar e descansar, corro na cdteca e cadê, cadê, isso!! Acho “If you feeling sinister” do Belle and Sebastian. O dia que ver o Stuart Murdoch, juro que agradeço por me dar paz nesses momentos.
Quando estou viajando e na boa época que tinha walkman, era só colocar “The Greatest Hits – 1990/1999” do Black Crowes que a viagem era prazerosa e rápida. No dia que tiver um carro, tudo voltará ao normal (e quando eu aprender a dirigir, off course).
Se é para escutar no trabalho, há muitos, mais um dos meus preferidos é o “Bloco do Eu Sozinho” dos Los Hermanos. Caras e estimadas pessoas, sou fascinado por esse disco.
Quando consigo finalmente encontrar uma praia e pegar aquele pôr do sol, nada melhor que um reggae e se nessas horas pudesse colocar um disco, certamente seria algo do mestre Bob Marley, o “Legend” já caia bem, como caia.
E há discos para outras diversas situações, mas eis que paro por aqui, para não ser mais chato ainda do que sou. Você alguma vez já parou para pensar nisso?
Ta bom, eu sei que é inútil, perda de tempo, mas é de um prazer indescritível fazer essa listinha. Faça a sua. Os discos que ouvimos nos dizem muito a respeito da nossa personalidade.
Ah....E esse acumulado de devaneios e besteiras foi escrito ao som de Massive Attack do disco homônimo, que escuto sempre quando escrevo.E é isso.
Obs: A trilha sonora assim como a vida é totalmente mutavel, uma eterna camaleã.