segunda-feira, 17 de julho de 2006

Minha Segunda Vida

Muitas coisas passam na vida. Passam alegrias, tristezas, conquistas, derrotas, gritos e proezas. Nos meus 27 anos que hoje vigoram, com certeza grande parte disso já passou por mim, ou meio inconsciente passei por elas, às vezes mesmo até sem notar. Certas coisas damos demasiada valia no rol das nossas expectativas suburbanas, outras mais importantes nem sequer notamos.
Bater no peito e falar que já viveu muito, que já fez coisas e mais coisas pela estrada que caminhaste se torna muito pouco a partir do momento que perdemos alguém fundamental. Não vivemos foi quase nada. Não conhecemos a tristeza ainda. Lembro de quando fiquei abalado, cabisbaixo, às vezes até mesmo chorando por alguns amores perdidos, alguns romances mal acabados, algumas derrotas pessoais e outras futebolísticas, nesse eterno caleidoscópio sem lógica da vida.
Lembro de achar que o mundo não era feito para mim incontáveis vezes, pequenas derrotas que dentro do meu ringue de lembranças até hoje são quedas consideráveis. Elas não eram nada. O real significado de perder algo, ainda não tinha tido a chance de provar. Quando alguém que admiramos, que seguimos na vida com seus ensinamentos, discordando deles em parte, teimosos e jovens que somos, mas reconhecendo o valor da sabedoria, vai embora, é que se percebe o quanto é pequeno e estúpido por não acreditar nas pequenas parcelas de vida, por não atentar as pílulas diárias do teu cotidiano.
Parece que faltou dizer mais um “obrigado”, mais um “te amo”. Parece que naquela vez da discussão de dez anos atrás você podia ter feito diferente, podia ter suportado mais. Parece que tudo que foi feito e realizado foi embora também, os momentos bons insistem em não passar na tua frente, fica na memória somente os últimos meses, dias que estamparam o sofrimento crescente de alguém que não merecia as dores que bravamente tentava suportar.
Acreditar em algo divino é preciso, vida que segue, sei disso. Mas não posso me convencer disso agora. Quando paro para pensar o quanto sofri quando perdi minhas paixões, me arrependo de não ter sorrido mais, quando vejo às vezes que discuti com alguém, pergunto porque não aprendi a contar piadas, quando vejo que fui ignorante por um simples acaso do dia a dia, me questiono porque não sai pulando, correndo e cantando.
Quando penso em tudo que achava que vivi, compreendo que minha segunda vida começa agora. Uma segunda vida que quem foi embora me ensinou a viver do jeito que ela virá. E me guiará.