sexta-feira, 21 de abril de 2006

Completamente


Que bom ter você de novo
Por mais um dia
Mais uma semana
Sem saber até quando vai durar
Apenas prometo te querer bem
Até que a vontade se vá
Até que se esgote o nosso amor
Ou quando a luz se apagar
Torcendo, fiel e gentil
Que um dia possamos nos encontrar
Acabados e mal tratados
Nas mesas de algum bar
Que bom que ligaste outra vez
Por mais um minuto
Mais uma hora
Sem importar o que vai acontecer
Prometo te dar o que sonhei
Até o dia em que não queira mais
Até que o mundo se acabe
Nossos caminhos pararem de andar
Que fique mantida em nossos corações
Boas lembranças, risos ocasionais
E a certeza por mais breve que for
Que nos amamos completamente

quinta-feira, 13 de abril de 2006

O mundo acontece


O mundo lá fora acontece como sempre aconteceu. Com suas idiossincrasias, injustiças, maravilhas, pesares e dissabores e assim vai continuar acontecendo por um bom tempo, com as alterações dos tempos, a modernidade e outras coisas mais.
Lá fora o mundo acontece, enquanto uma jovem chora em casa seus amores não correspondidos, enquanto um homem de respeito, presidente de uma grande empresa trai sua empresa no próprio escritório na hora do almoço ou enquanto um menino sonha em ser guitarrista se deliciando com os solos de Jimmy Page que lhe foram mostrados pelo irmão mais velho.
Acontece também para um garoto de 19 anos que consegue seu primeiro estágio, depois de tantas tentativas, para um menino que guarda dentro do seu armário várias revistas masculinas e corre para o banheiro de tempos em tempos para provar a saborosa da temporada, como também acontece para uma menina que ainda nem tem direito de votar, mas que está no meio de uma praça a noite, oferecendo prazeres a quem pagar seu preço.
E assim tudo segue, cada história tem sua graça, sua dor, sua fantasia. Cada um carrega consigo, como diria Caetano “a dor e a delícia de ser o que é”, tudo que acontece na nossa vida, é simplesmente e puramente obra nossa. O mundo não tem nada a ver com isso, ele simplesmente acontece. Como sempre aconteceu.
Assim como um jovem garoto explode uma bomba em si mesmo na Palestina, outro garoto atira em uma dona de casa no Rio de Janeiro. Assim como uma família briga com o câncer em Brasília, outra lida com a AIDS na Romênia. Como um rapaz recebe um aumento de salário em Belém, outra jovem ganha uma promoção na agência de publicidade que trabalha nos USA. Enquanto nasce uma linda garotinha no Acre, um casal de gêmeos surge num casebre em uma fazenda da Suíça. O mundo acontece.
Jogar a culpa do que nos acontece em algo divino, ou ao mundo em geral é simplesmente uma tremenda covardia. Dizer que não se teve saída, é a mesma coisa de dizer que não estava disposto a brigar. É preciso olhar no espelho de tempos em tempos, ver o que se está fazendo, o quanto se ganhou e o que se perdeu, ministrar novos caminhos, fugir do óbvio, das contingências, fugir do que nos faz mal.
E principalmente deixar o mundo em paz seguindo seu caminho, ele simplesmente acontece, como quando escrevo estas linhas e coloco no meu blog.

De Que?

De que me valeria tudo no mundo, se não fosse capaz de me entregar, me colocar sem motivos a jogar coisas que não sei no que vão dar? De que me adiantaria ter meus sonhos materiais, se não tivesse vivido como queria, se não tivesse escolhido com quem devia estar?
De que me serviria guardar minha vida dentro de álbuns com retratos e fotos formais, se as melhores lembranças não pudesse no meu coração armazenar? De que me ajudaria conhecer mil pessoas e com elas falsamente me relacionar, se não tivesse alguns que posso minha vida compartilhar e confiar?
Como poderia me julgar perto de ser feliz, se nunca tivesse visto um dia nascer, um sol se por, se não tivesse feito isso ao lado de alguém? Como poderia viver sem nunca ter caído, sem nunca ter tropeçado, sem ter chorado e sem ter sorrido depois?
Como saberia suportar a dor de guardar meus sorrisos, de trancar minhas alegrias, de me prender em conveniências que não fiz? De que me valeria ter o mundo em minhas mãos se não tivesse uma pessoa para besteiras conversar, que pudesse me deixar em paz com meu verdadeiro lugar?
De que me valeria ser feliz se não pudesse nenhuma vez errar?E se não pudesse nunca mais tentar...

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Esqueça

Esqueça tudo. Recomece do zero. Esqueça todas as bobagens que te disseram, todas as frases feitas que te impuseram, todos os conselhos que te deram. Resuma tudo em poucas linhas e jogue no lixo. Assista com outros olhos os mesmos filmes que já viu tantas vezes, entre na historia dos mesmos livros que já leste desde cedo, escute todos os discos arranhados e sujos que estão trancafiados no armário.
Quando tudo parecer que vai acabar, esqueça. Esqueça todas as mentiras que te contaram, todas as vezes que foste chamado ao acaso, todos os “eu te amo” sublimados. Esqueça tudo que te disseram sobre o amor. As estranhas e repentinas sensações de arrependimento, os usuais frios de barriga, o sorriso amarelo, o jeito inconseqüente. Esqueça as idiotices, as tolices, as besteiras. Lembre somente do seu nome.
Esqueça tudo aquilo que achar perfeito, modulo incerto do imperfeito. Insista nos erros abomináveis, nas decisões involuntárias, nos desejos reprimidos. Acredite que tudo pode dar certo, por mais que tudo seja meio incerto e que seu castelo esteja desmoronando na base que sempre preservou. Esqueça todos os amigos falsos, os trágicos palhaços. Esqueça as vezes que chorou, as viagens que não sonhou.
Quando o mundo girar ao contrário, esqueça. Apenas continue. Continue sem todo o peso do passado, sem olhar para trás. Esqueça todos os adeus que já tivestes que dar e aqueles que não gostaria de ouvir. Sobreponha as vaidades com as virtudes. Destrambelhe o bom senso comum, surpreenda constantemente a si mesmo. Escave buracos mais rasos. Esqueça tudo aquilo que não te fizer bem. Simplesmente esqueça.