quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Outras Palavras

O papo andava meio ruim enquanto tentavam acabar com um milk shake de ovomaltine na Bob´s, depois de mais uma briga por uma besteira qualquer ou para ser mais especifico, mais uma briga por Andy achar que Clara estava sendo outra pessoa, e Clara por achar que Andy estava ficando chato demais.
Para melhorar o clima, Andy resolveu falar de música, afinal de contas os dois amavam o assunto e de certa forma foi por causa dela que se conheceram, quando Clara mandou um email para ele elogiando uma coluna sua que destacava o “Cosmotron” do Skank. Desde então, marcaram algumas saídas e começaram a namorar.
Perguntou então: “Já ouvistes o novo disco do Snow Patrol?” Ela sussurra um “não” enquanto enfia a cara mais ainda no milkshake e fica pensando em “se valia à pena ainda estar ali”. “Está massa, fiz até uma resenha um dia desses, gostei muito”. “Prometo que vou escutar”. E assim saíram andando, deu-se um beijo sem graça, como se tomassem uma coca-cola sem gás e seguiram para o ponto de ônibus fechando o domingo com chave de ouro.
Chegando em casa, na frente do computador, Andy pensava: “Porra, a Clara tá invocada comigo mesmo, mas não tenho tanta culpa assim, tá certo que fui longe demais, tinha tomado umas biritas a mais, mas não falei nada que não fosse verdade. Ela tem mudado, mas cada dia que passo me rendo mais, pareço um soldado sem arma alguma”.
Então decidiu gravar um pequeno cd e entregar a ela, isso sempre dava certo e conseguia se expressar melhor através de canções do que do seu parco português. Pensou na seqüência e fechou em seis músicas:
1 – Poema de Maria Rosa – Wado
2 – Perdão Você – Marisa Monte
3 – Your Song – Ewan MacGregor
4 – Show me Forgiveness – Bjork
5 – All Apologies – Nirvana
6 –Eu te amo, Porra! - Poléxia
Na segunda feira enquanto acabava de gravar as músicas, percebeu que Clara entrava no msn com a seguinte mensagem “Foi bom enquanto durou, o destino tende a me guiar...”. Assustou-se. Antes de puxar conversa foi para o orkut dela então percebeu que todas as fotos tinham sido deletadas, a foto do perfil tinha mudado para uma com ar pensativo e cansado e no “About me” constava apenas: “Em fase de reconstrução”.
Pegou o telefone, quis ligar e perguntar o que tava acontecendo, mas foi quando percebeu o aviso que acabara de chegar um email com remetente: Clara e assunto: “Como seguir em frente”. Não quis abrir. Já sabia o que acontecera. Como foi idiota a ponto de perder uma pessoa que gostava tanto. A cabeça martelava “Mais uma para conta da sua estupidez, Andy!” Não foi trabalhar, desligou o celular, foi encher a cara no bar.
No mesmo dia à noite, Clara pensava puta da vida em sua casa “Que porra o Andy não me atende, já deve estar na sacanagem com os amigos dele. Passei o dia ligando para contar que fui demitida do trabalho, que vou ter que recomeçar, procurar algo novo, que resolvi me detonar do orkut, que tô mal pra caramba e esse merda não me atende”. Botou um disco do Nick Drake para tocar e tentou dormir.
No outro lado da cidade, Andy batia um papo com um desconhecido, despejando filosofia barata sobre o amor, depois de forçar mais um vômito no banheiro, tendo como pano de fundo alguma música do Bruno e Marrone.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Não Caber


Teu sorriso me faz feliz
Quando minha pupila cruza com a tua
Meio mundo muda
Quase transborda, inunda
Teu prazer me enobrece
Quando toco sem perdão teu corpo
Sóis aparecem no frio
Estrelas surgem no vazio
Teu estar me faz contente
Quando tua voz fala, compreendo
Ecos tem respostas
Perguntas são meras apostas
Teu ser transforma o meu
Quando teu cheiro ameaça, entendo
Vento que transmite
Amor que não se perde, resiste
Obs: Texto encontrado dentro de uma revista antiga, feito atrás de um folder de vendas de alguns anos atrás...

sábado, 18 de novembro de 2006

Devaneios de Uma Mente Vã: O Inicio do Fim

I
Cansei de tudo.
Cansei da vida. De noites mal dormidas.
Nesse moquifo que moro, que me disseram que se chamava "quarto".
Não devia me cansar, sei disso.
Li tanta coisa sobre persistir. Ir em frente. Seguir. Mas infelizmente cansei, fazer o quê?
Sou o estereótipo em pessoa.
Um cara normal cansado de correr na direção contrária.
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada.
Sou mais um cara.
E já estou derrotado.
Sinto isso dentro de mim, me invadindo.
O que me resta a fazer então?
O que o destino me aprontará?
Sou covarde demais para tirar minha vida. Então resolvo sobreviver.
É isso! Vou sobreviver.
Apenas isso.
Vou pedir demissão. Ficar em casa o dia inteiro.
Vendo TV, vegetando.
Comendo porcarias, insultando santos.
Porque nunca pensei nisso?
A partir de hoje renegarei minha família e meus poucos amigos.
E viverei só, trancado no meu quarto.
Até que minha força se vá completamente.
E eu morra sufocado no meu próprio vômito.
É isso que vou fazer.
Amanhã será um grande dia! Com certeza.
O dia em que recomeçarei.
Trilhando o início do meu fim.
II
Já tomei todas as decisões.
E já comecei a pratica-las.
Me demiti hoje cedo, foi bem bacana.
Falei impropérios e palavrões para o meu chefe em quantidades inimagináveis.
Só não deu para chutar o traseiro dele. O merda estava sentado.
Mas tudo bem, foi revigorante.
Até parece que nasci de novo.
Vou pegar uma boa grana da rescisão, vou passar meus últimos dias em grande estilo.
Uma espécie de Nicolas Cage em "Despedida em Las Vegas".
Mais muito mais junkie.
Muito mais fast food.
Agora vou no banco acabar com o resto do meu limite.
Morro de vontade de mandar todos se fuderem.
Mas ainda vou precisar deles. Isso me retrai.
Em pensamento digo tudo que queria dizer.
Aproveito e faço mais um empréstimo.
Mais uma divida que nunca vou saldar.
Afinal de contas, qualquer dia desse morro.
Mais grana para o meu fim, com certeza.
Ao ir andando para o meu "palácio", vejo um mendigo.
Um não, uns quinzes deles.Essa nova classe social proliferada nas grandes cidades.
E dou todo o dinheiro que peguei emprestado para um deles.
Coloco em um envelope, jogo nele e vou embora.
Me sinto uma espécie de Dom Quixote. Ou um Robin Hood moderno.
Refaço meus pensamentos.
Não preciso de tanto dinheiro, se quero morrer urgentemente.
Na verdade, sacaniei o banco. E isso me reanima, penso que sou um super herói.
E é isso que quero ser daqui pra frente quando acordar.
Comentário: O que está escrito abaixo é o ínicio de uma "novel" que fiz há algum tempo, composta de 30 partes. Essas são as duas primeiras. E é sobre um anti-herói, um cara normal. Qualquer dia desses, coloco o resto.

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Simples Prazer

Quando escrevo não sou ninguém
Sou qualquer um, sou certo
Não me interessa ser alguém
E nem tão pouco incontesto
Quando escrevo sou diferente
Sou romântico, sou sofredor
Vez ou outra inconsequente
E quase sempre sonhador
Quando escrevo sou mero amigo
Sou super héroi, sou o vilão
Quase nunca sou contido
Escrevo o que vem a mão
Quando escrevo não tenho métrica
Nunca a isso vou me prender
Sou apenas um cara sem regra
Que escreve pelo simples prazer

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Baby

Não diga que as portas estão fechadas quando olhas de longe
Não insista com gestos nobres enquanto teu mundo desaba
Baby, o sentimento não precisa estar vivo, apenas atento
Não faça de conta que as coisas continuam como eram antes
Não chore porque teus olhos já não aceitam qualquer colírio
Baby, tuas verdades não são promessas, só frases incertas
Não pense em nada tão belo que assuste tua realidade adequada
Não force palavras nulas diante de uma imagem falsificada
Baby, a esperança insiste na própria resistência, sem crença
Não espere que o mundo esteja pronto no meio da tua ilusão
Não invente desculpas quando nada merece ter explicação
Baby, a saudade se permite ir embora, a qualquer hora
Não estrague tuas conquistas com qualquer perfume barato
Não troque a esmo teu vazio por qualquer carinho simpático
Baby, o amor não tem medida ou semente, o amor não mente

domingo, 1 de outubro de 2006

Balada do Quase Amor

Me disseste que eu tinha que saber viver
Esquecer das pequenas coisas e seguir em frente
Me disseste que eu usasse novos olhos para ver
Apreciar tudo aquilo que só a alma sente
Me ensinaste que eu poderia enfim amar
Que minhas decepções eram coisas do passado
Me ensinaste uma grande chance de retornar
De matar meus fantasmas de corpo velado
Me julgaste quando pensei que éramos mais
Tudo não passara de uma brincadeira vulgar
Me julgaste sem direito a apelação dos tais
Na cadeia fiquei sem ter nem como te olhar
E quando tudo aquilo sem explicação acabou
Me procuraste querendo a mesma devoção
Sem saber que quase meu coração não voltou
Me procuraste sem saber que não te devo perdão

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Pensamentos Leves

"Mais um dia que passa, mais uma coisa que perde a graça..." Não sei ao certo onde li esse texto, com o tempo minha memória fica cada vez mais frágil e as referências se misturam cada vez mais. Não, não sou um velho, pelo contrário, sou até mesmo novo demais, o que não me impede de estar cansado de certas coisas e desistimulado com outras. Não, não estou para baixo, longe disso, continuo carregando meu combalido sorriso no rosto, minhas idéias e sonhos na minha mente e as pessoas queridas dentro do coração como sempre fiz, mas continuo sempre refazendo considerações e analisando meu trajeto até aqui.
Engraçado que quando somos novos, adolescentes mesmo, pensamos que podemos mudar o mundo, fazer o bem, fazer aquilo que sempre queremos, com a mochila cheia de sonhos, idéias absurdas e boas doses de otimismo saímos atrás da vida perfeita que com certeza vai existir. Teremos sim, o melhor trabalho, os melhores amigos, uma pessoa do nosso lado que nos ame, a mulher ideal sem sombra de duvidas que aparecerá do nada na tua vida em situações ridículas e que passará a compartilhar os teus sentimentos, tua vida no todo.
Depois de alguns anos percebe-se que não conseguiremos chegar a isso, infelizmente. O trabalho ideal já não nos parece tão provável, já servindo aquele que te paga bem e que faz você ser capaz de tocar sua vida perto de como sonhaste, os amigos já não são tão leais assim, com o passar do tempo adquirem vícios que não tinham anteriormente, te sobrando alguns poucos com que pode contar, você já não é mais o mesmo, está mais impaciente e reacionário, a mulher ideal, bom não era tão ideal assim e você percebe isso da maneira mais dura possível que é convivendo com ela, se encantando, conhecendo seus maravilhosos defeitos, suas virtudes estúpidas, seu sorriso maroto, mas também outras coisas que pensava que nunca iria conhecer.
Mas nada de desânimo, a vida ainda assim é muito boa, maravilhosa por sinal, estar vivo, trabalhando, ganhando uma grana legal, ter alguns amigos ainda que pode confiar plenamente, uma família maravilhosa, atividades paralelas que te satisfazem bastaria para qualquer um. Mas não para mim. Agradeço a todas as forças divinas por tudo que tenho e que conquistei, mas quero mais, quero sempre mais. Não sei bem ao certo o quê, mas nunca vou parar de procurar, por mais fraturado que meus ossos estejam da luta e por mais que meus clichês se tornem velhos e vazios.
Seguindo preparado com as armas e as roupas de Jorge, com pensamentos volúveis na medida que minha vida consegue abarcar, disparo contra o sol e contra tudo de mal que no meu caminho possa aparecer.

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Minha Arte É Tua

Formulo um coro de natal, um soul enfadado
Elaboro uma doce toada, um rock chinfrim
Discurso em um papel de carta, um maço reciclado
Esboço uma peça de teatro, uma novela sem fim
Desenho teu belo rosto, teu melancólico olhar
Pinto o teu caminho, tua estrada habitual
Crio um site tosco, um blogger para estranhar
Encaro multidões na arena, meu circo fatal
Esculpo o teu corpo, sua precisão fugaz
Insiro novos dialetos, uma comunicação tenaz
Projeto tua arquitetura, fantástica moldura
Publico mil livros, você nada me censura
Esgoto minha vida, meus artifícios banais
Acabo com minhas frases, meus pobres ideais
Minha arte não existe se você não a entender
Minha arte é toda sua, cabe a você perceber

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Sapatos no chão

Olhar vão, triste e são
Doce refúgio, infesto de alegrias, cores de nostalgia vendidas em doses com limão
Estranho cessar, vago e prático
Confusa negação, empilhada em quadros na parede, fotos cínicas de um tempo sádico
Sapatos imundos, virados no chão
Energia incessante, palco patético, discos arrumados como um falso pedido de perdão
Café sem açúcar, vida sem sal
Ressaca dissonante, remédios cantando, nada que cure a urgência do inerente mal
Vozes abafadas, suplicas de paixão
Portas batendo, choros autênticos, vergonha nenhuma inserida no meio da multidão
Promessas internas, conveniências sem ninguém
Um novo caminho, os mesmos espinhos, seguindo sem destino nas ruas de Belém

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Retornos

Acredito no amor. Assim como acredito que o Brasil pode melhorar e que todas as pessoas mesmo as mais imperfeitas tem direito a uma segunda chance. Sou um grande fã das segundas chances. Acredito também em voltar a ver o Flamengo brilhar. Acredito na música. Acredito na renovação. Acredito ainda até que vou perder alguns quilos e voltar a caber em algumas roupas, como também acredito que ainda podemos fazer algo para mudar o mundo no nosso dia a dia.
Difícil acreditar nisso não? Ser um imenso sonhador quando a vida vai te deixando mais velho, cansado e descrente, parece uma grande burrice não é verdade? Na verdade a grande burrice é não acreditar, é não crer em mudanças, é ficar reclamando da vida, resmungando de atos e passagens mal sucedidas. Desacreditando sonhos, cobrando favores de ilusões, sentando a beira do caminho da fé.
Acredito no amor acima de tudo pelo simples fato de que ele existe. Nobre e honesto, apesar de sua eterna inconstância. Acredito no amor quando ouço um disco do Morrisey ou quando “All You Need Is Love” dos Beatles toca em algum lugar. Acredito no amor organizando uma caixa velha com cartas amarelas, cartões bobos e declarações não atendidas. Acredito no amor, pois creio no aprendizado do erro e na estrada do conserto. Não me vejo sem acreditar.
Acredito em mudar o mundo de alguma forma, ajudando quem mais precisa do meu lado, não sentando a bunda em uma cadeira bem acolchoada, tomando um vinho e criticando tudo e todos ao meu lado. O mundo pode ser mudado pela bondade, solidariedade, compaixão. O mundo pode ser mudado enquanto damos um prato de comida ou quando encaramos algum projeto social. O mundo pode ser mudado até mesmo quando fazemos uma poesia.
Já desisti de não acreditar, muito de mim mudou e tentou me deixar descrente, mas a força da fé na vida, da fé na mudança, da fé nas pessoas, continuava viva. Acredito. Isso para mim me dá força. Acredito. Porque não sei viver sem acreditar. Acredito porque a vida insiste em nos dar novas chances, em oferecer retornos para começarmos uma segunda vez, retornos para que possamos ser mais do que achamos que podemos ser.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Doce Desespero

E pela manhã lá estava ele acordado novamente com seus sonhos, andando pela praia a procura de saí­das, de espasmos de felicidade.
Sua vida nos últimos anos se resumia a isso, a espasmos, a conta gotas de felicidade.
Tudo que lhe proporcionara um sorriso agora vinha em doses homeopáticas, em tristes doses de botequim.
Pela praia insistia em caminhar cedo, adentrando o mar para largar suas frustrações diárias.
Lá deixava seus desafetos de trabalho, seu fracasso em subir na vida.
Deixava suas decepções amorosas, os rostos das mulheres que amou um dia, o cheiro de seus cabelos e de suas mãos.
Arremessava seus arrependimentos na maré, como se fosse final de ano.
Para ele isso já pouco importava.
O que não aguentava mais era ter que conviver com tantas duvidas, tantos porquês.
Tinha feito tudo como mandara o figurino.
Lido todos os livros que podia, escutado as melhores canções, visto os melhores filmes, ouvido os mais sábios e de tudo isso absorvia idéias para sua vida.
Se tornara um cara desejado, culto, admirado por muitos.
Mas algo fizera errado.
E com os 40 e poucos anos lhe assombrando, era somente isso que não sabia administrar.
Onde havia errado?
O que teria feito para não dar certo?
E seguia andando pela praia de manhã, submergindo com seus erros, até o dia em que não conseguiria levantar, o dia em que não pudesse mais, em que a batalha estivesse perdida.
Mas ainda assim seguia junto com o doce desespero que invadia seu ser.
Sem parar jamais.

segunda-feira, 17 de julho de 2006

Minha Segunda Vida

Muitas coisas passam na vida. Passam alegrias, tristezas, conquistas, derrotas, gritos e proezas. Nos meus 27 anos que hoje vigoram, com certeza grande parte disso já passou por mim, ou meio inconsciente passei por elas, às vezes mesmo até sem notar. Certas coisas damos demasiada valia no rol das nossas expectativas suburbanas, outras mais importantes nem sequer notamos.
Bater no peito e falar que já viveu muito, que já fez coisas e mais coisas pela estrada que caminhaste se torna muito pouco a partir do momento que perdemos alguém fundamental. Não vivemos foi quase nada. Não conhecemos a tristeza ainda. Lembro de quando fiquei abalado, cabisbaixo, às vezes até mesmo chorando por alguns amores perdidos, alguns romances mal acabados, algumas derrotas pessoais e outras futebolísticas, nesse eterno caleidoscópio sem lógica da vida.
Lembro de achar que o mundo não era feito para mim incontáveis vezes, pequenas derrotas que dentro do meu ringue de lembranças até hoje são quedas consideráveis. Elas não eram nada. O real significado de perder algo, ainda não tinha tido a chance de provar. Quando alguém que admiramos, que seguimos na vida com seus ensinamentos, discordando deles em parte, teimosos e jovens que somos, mas reconhecendo o valor da sabedoria, vai embora, é que se percebe o quanto é pequeno e estúpido por não acreditar nas pequenas parcelas de vida, por não atentar as pílulas diárias do teu cotidiano.
Parece que faltou dizer mais um “obrigado”, mais um “te amo”. Parece que naquela vez da discussão de dez anos atrás você podia ter feito diferente, podia ter suportado mais. Parece que tudo que foi feito e realizado foi embora também, os momentos bons insistem em não passar na tua frente, fica na memória somente os últimos meses, dias que estamparam o sofrimento crescente de alguém que não merecia as dores que bravamente tentava suportar.
Acreditar em algo divino é preciso, vida que segue, sei disso. Mas não posso me convencer disso agora. Quando paro para pensar o quanto sofri quando perdi minhas paixões, me arrependo de não ter sorrido mais, quando vejo às vezes que discuti com alguém, pergunto porque não aprendi a contar piadas, quando vejo que fui ignorante por um simples acaso do dia a dia, me questiono porque não sai pulando, correndo e cantando.
Quando penso em tudo que achava que vivi, compreendo que minha segunda vida começa agora. Uma segunda vida que quem foi embora me ensinou a viver do jeito que ela virá. E me guiará.

sábado, 24 de junho de 2006

Ode ao Bar, ao Boteco, ao Barzinho


Ah...os bares dessa vida...
Quantas angústias, sorrisos, histórias despejadas nesses arremedos de vida comum
Sem os bares não seriamos muita coisa
Sentados em suas cadeiras somos mais felizes, mais soltos, mais sonhadores
Em suas esquinas esquecemos da conversa que consome a grande maioria do nosso dia
Não falamos mais tanto nas contas a pagar, no trabalho, nos problemas
Não gastamos mais tempo com Jeffersons, Dirceus, Ronaldinhos e Parreiras da vidaS
omos apenas nós mesmos multiplicados por mil
É onde nos permitimos viajar um pouco, fantasiar
Somos capazes de tudo, mentimos, contamos histórias, lembramos fatos inusitados
Nos tornamos o cara mais bonito, mais foda, mais rico da cidade em alguns minutos.

Ah...quantos bares nessa vida...
Bares de todos os tipos, barzinhos, botecos, chopperia, barzões
Remédio para curar mágoas, confessar pecados, comemorar alegrias
Lugares para se paquerar uma mulher bonita, atraente, envolvente
Pois na verdade nós homens só deixamos mais feios esses ambientes
Lugar de mulher também é em bar sim senhor, com toda sua beleza e encantamento
Espalhando seu perfume e charme pelas mesas ao redor, povoando mentes com desejo
Nos bares encerramos amores, consertamos horrores, construímos pequenos delitos
Somos ao mesmo tempo, herói e vilão, réu e júri, anjos e demônios
Esquecemos de tudo e de todos, do tempo, nos tornamos livres, prontos para sair ao leú
A cada cerveja gelada nos adaptamos a uma nova conversa, uma nova vida.

Ah...bares amigos por essa vida...
Traçamos uma relação de amor verdadeiro com esses estabelecimentos
Mas um amor libertário, sem amarras, cobranças, quase anárquico
Paixões antigas ficaram na memória como o Aconchego dos Amigos, o Campeão
Em outros termos, saudades do Colarinho Branco, Pingüim e o democrático Parlamento
Quantos porres, noites mal dormidas, manhãs de ressacas brabas, remédios baratos
Mas também, quantas historias a serem contadas, a serem ouvidas e apreciadas
Quanta coisa aprendemos entre uma porrinha, um flapt, um nivelamento de copos
Aprendemos não o que se ensina na escola, mas o que só se ensina vivendo
Os bares são o último reduto da nossa fantasia, uma alegoria da ilusão da vida
São onde fazemos um pouco do que sempre quisemos fazer.

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Tô Indo Pra Marte


Sinceramente, eu não sei onde vamos chegar....
Ou a minha insanidade tá ficando incontrolável e eu tô realmente maluco ou tem muita coisa errada....
Veja bem:
-São políticos chamando o povo de crioulo e não acontece nada com eles;
-As entrevistas do Secretário de Estado Americano são a maior demagogia, querendo sempre botar os USA como os deuses bonzinhos do mundo;
-É uma onda tremenda de violência rolando solta em todo lugar;
-Nós somos um dos raros Países do mundo que conseguiu organizar o crime, agora só nos falta organizar a polícia;
-É o governo discutindo se o mosquito da dengue é municipal, estadual ou federal (eu nem sabia que mosquito tinha isso...), e não fazendo nada, pois o povo continua adoecendo;
-Todo mundo tá jogando no Eu Futebol Clube só se preocupando consigo, e esquecendo o significado das palavras Gentileza, Solidariedade e Compaixão;
-É a igreja dizendo não ao uso de camisinha em pleno carnaval;
-São pessoas e mais pessoas vivendo atrás de máscaras fingindo ser felizes;
-São pessoas com medo de viver com receio do que os outros vão falar;
-É o presidente assistindo de camarote toda essa corrupção e não faz nada;
-É a possibilidade real de termos um Serra, um Garotinho, uma Roseana no governo ano que vem;
-Ninguém ajuda ninguém;
-É o seu Jarde podendo ser governador de novo;
-É os USA querendo brigar com o mundo inteiro em prol da paz mundial (?);
-São milhares de pessoas na rua sem ter onde morar e o que comer e o governo pagando juros e mais juros da dívida externa que não vão acabar nunca;
-É ligar a TV e ter que assistir Big Brother e Casa dos Artistas;
-Tanta coisa acontecendo e as nossas revistas só sabem falar do Big Brother e da Casa dos Artistas;
-É ligar o rádio e só escutar músicas banais, comerciais o dia todo
-É o Caetano regravando música da Timbalada e se dizendo cult, pós – moderno (?);
-Até o pão e o circo do povo que é o futebol, consegue ir de mal a pior; [Nota do Roquenrou: a coluna foi escrita antes da final da Copa de 2002... a organização de nosso futebol continua a mesma porcaria, mas o pão e circo rendeu desta vez...]
-Até a MTV que já foi salvação um dia, hoje só toca em sua maioria o que rola nas rádios;
Quer saber, já decidi, tô indo pra Marte, tá a fim?

Obs: Texto publicado em 05/07/2002 no
www.roquenrou.com.br e que ainda parece meio atual em algumas coisas...

terça-feira, 23 de maio de 2006

Estranho

Estranho achar que tudo não valeu. Que os sacrifícios feitos, as noites mal dormidas, as verdades mal concebidas tenham sido tudo em vão. Estranho pensar que era melhor não ter feito nada disso, quando algo que queremos muito não se propaga ou termina sem mais nem porquê.
Estranho achar que escolheste o caminho errado, que se não tivesse prestado determinados testemunhos tudo teria sido bem diferente. Estranho acreditar que não é mais preciso acreditar em nada, que a tua fé simplesmente resolveu te abandonar, que tuas crenças já sejam tão banais.
Estranho individualizar culpas enquanto tudo ao seu lado parece acelerar, nada e nem ninguém te esperam mais, te escutam mais. Estranho sentir que a vida pode ser cruel e sádica, que nem tudo são flores na estrada, nem tudo é belo e azul como escreveram os poetas.
Mais estranho ainda é deixar todas essas percepções invadirem teu ser e ocultarem aquele pouco que sempre carregaste de bom, de esconder toda a tua alegria onde já não consegues mais entrar. Mais estranho ainda é de repente esqueceres de ti mesmo, das tuas lutas, teus amores e ideais. Mais estranho ainda é não saber jogar, não aceitar a derrota, mesmo quando tudo que sonhaste foi sempre ganhar.

terça-feira, 16 de maio de 2006

Imperatriz


Chega mais um perdão descabido
Promovendo um choro quase fingido
Que não se pode prever ao certo
Se é mais injusto do que sincero
Acontece mais uma briga sem motivo
Acordando quem estiver adormecido
Já não importando a verdadeira razão
Se o que se briga é válido ou não
Suporta mais uma noite sem dormir
A espera de um amanhã, Imperatriz
O que se esgota não é o próprio lance
É a história de alguém, sem romance
Sonha com uma bela nova manhã
Com aquela outra luz, um amor terçã
Presumindo que haverá um novo sopro
No aguardo do seu sonhado gozo
Histórias se repetindo, casais em vão
Tristes companheiros, milhares sem paixão
A mesma conversa acontecendo dia a dia
A mesma vida apodrecendo na esquina

segunda-feira, 1 de maio de 2006

Adeus

Verdade seja dita meu bem
Nunca fomos ninguém
Sentimentos baratos demais
Beijos forçados alem do mais
Destinos mal traçados assim
Seriam nosso eterno fim?
Palavras sem nenhuma emoção
Olhares vulgares de perdão
Verdade seja dita meu bem
Estamos melhor agora além
Sonhos que voltarmos a ter
Esperanças passando a ser
Fatos escritos em uma novela
Jogados na pequena tela
Nossa historia infame de amor
Acabando sem a mínima dor

sexta-feira, 21 de abril de 2006

Completamente


Que bom ter você de novo
Por mais um dia
Mais uma semana
Sem saber até quando vai durar
Apenas prometo te querer bem
Até que a vontade se vá
Até que se esgote o nosso amor
Ou quando a luz se apagar
Torcendo, fiel e gentil
Que um dia possamos nos encontrar
Acabados e mal tratados
Nas mesas de algum bar
Que bom que ligaste outra vez
Por mais um minuto
Mais uma hora
Sem importar o que vai acontecer
Prometo te dar o que sonhei
Até o dia em que não queira mais
Até que o mundo se acabe
Nossos caminhos pararem de andar
Que fique mantida em nossos corações
Boas lembranças, risos ocasionais
E a certeza por mais breve que for
Que nos amamos completamente

quinta-feira, 13 de abril de 2006

O mundo acontece


O mundo lá fora acontece como sempre aconteceu. Com suas idiossincrasias, injustiças, maravilhas, pesares e dissabores e assim vai continuar acontecendo por um bom tempo, com as alterações dos tempos, a modernidade e outras coisas mais.
Lá fora o mundo acontece, enquanto uma jovem chora em casa seus amores não correspondidos, enquanto um homem de respeito, presidente de uma grande empresa trai sua empresa no próprio escritório na hora do almoço ou enquanto um menino sonha em ser guitarrista se deliciando com os solos de Jimmy Page que lhe foram mostrados pelo irmão mais velho.
Acontece também para um garoto de 19 anos que consegue seu primeiro estágio, depois de tantas tentativas, para um menino que guarda dentro do seu armário várias revistas masculinas e corre para o banheiro de tempos em tempos para provar a saborosa da temporada, como também acontece para uma menina que ainda nem tem direito de votar, mas que está no meio de uma praça a noite, oferecendo prazeres a quem pagar seu preço.
E assim tudo segue, cada história tem sua graça, sua dor, sua fantasia. Cada um carrega consigo, como diria Caetano “a dor e a delícia de ser o que é”, tudo que acontece na nossa vida, é simplesmente e puramente obra nossa. O mundo não tem nada a ver com isso, ele simplesmente acontece. Como sempre aconteceu.
Assim como um jovem garoto explode uma bomba em si mesmo na Palestina, outro garoto atira em uma dona de casa no Rio de Janeiro. Assim como uma família briga com o câncer em Brasília, outra lida com a AIDS na Romênia. Como um rapaz recebe um aumento de salário em Belém, outra jovem ganha uma promoção na agência de publicidade que trabalha nos USA. Enquanto nasce uma linda garotinha no Acre, um casal de gêmeos surge num casebre em uma fazenda da Suíça. O mundo acontece.
Jogar a culpa do que nos acontece em algo divino, ou ao mundo em geral é simplesmente uma tremenda covardia. Dizer que não se teve saída, é a mesma coisa de dizer que não estava disposto a brigar. É preciso olhar no espelho de tempos em tempos, ver o que se está fazendo, o quanto se ganhou e o que se perdeu, ministrar novos caminhos, fugir do óbvio, das contingências, fugir do que nos faz mal.
E principalmente deixar o mundo em paz seguindo seu caminho, ele simplesmente acontece, como quando escrevo estas linhas e coloco no meu blog.

De Que?

De que me valeria tudo no mundo, se não fosse capaz de me entregar, me colocar sem motivos a jogar coisas que não sei no que vão dar? De que me adiantaria ter meus sonhos materiais, se não tivesse vivido como queria, se não tivesse escolhido com quem devia estar?
De que me serviria guardar minha vida dentro de álbuns com retratos e fotos formais, se as melhores lembranças não pudesse no meu coração armazenar? De que me ajudaria conhecer mil pessoas e com elas falsamente me relacionar, se não tivesse alguns que posso minha vida compartilhar e confiar?
Como poderia me julgar perto de ser feliz, se nunca tivesse visto um dia nascer, um sol se por, se não tivesse feito isso ao lado de alguém? Como poderia viver sem nunca ter caído, sem nunca ter tropeçado, sem ter chorado e sem ter sorrido depois?
Como saberia suportar a dor de guardar meus sorrisos, de trancar minhas alegrias, de me prender em conveniências que não fiz? De que me valeria ter o mundo em minhas mãos se não tivesse uma pessoa para besteiras conversar, que pudesse me deixar em paz com meu verdadeiro lugar?
De que me valeria ser feliz se não pudesse nenhuma vez errar?E se não pudesse nunca mais tentar...

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Esqueça

Esqueça tudo. Recomece do zero. Esqueça todas as bobagens que te disseram, todas as frases feitas que te impuseram, todos os conselhos que te deram. Resuma tudo em poucas linhas e jogue no lixo. Assista com outros olhos os mesmos filmes que já viu tantas vezes, entre na historia dos mesmos livros que já leste desde cedo, escute todos os discos arranhados e sujos que estão trancafiados no armário.
Quando tudo parecer que vai acabar, esqueça. Esqueça todas as mentiras que te contaram, todas as vezes que foste chamado ao acaso, todos os “eu te amo” sublimados. Esqueça tudo que te disseram sobre o amor. As estranhas e repentinas sensações de arrependimento, os usuais frios de barriga, o sorriso amarelo, o jeito inconseqüente. Esqueça as idiotices, as tolices, as besteiras. Lembre somente do seu nome.
Esqueça tudo aquilo que achar perfeito, modulo incerto do imperfeito. Insista nos erros abomináveis, nas decisões involuntárias, nos desejos reprimidos. Acredite que tudo pode dar certo, por mais que tudo seja meio incerto e que seu castelo esteja desmoronando na base que sempre preservou. Esqueça todos os amigos falsos, os trágicos palhaços. Esqueça as vezes que chorou, as viagens que não sonhou.
Quando o mundo girar ao contrário, esqueça. Apenas continue. Continue sem todo o peso do passado, sem olhar para trás. Esqueça todos os adeus que já tivestes que dar e aqueles que não gostaria de ouvir. Sobreponha as vaidades com as virtudes. Destrambelhe o bom senso comum, surpreenda constantemente a si mesmo. Escave buracos mais rasos. Esqueça tudo aquilo que não te fizer bem. Simplesmente esqueça.

terça-feira, 28 de março de 2006

Pássaro De Marte

Já vivi um monte, a vagar pelo horizonte, me desfiz de conceitos, injetei novos trejeitos, andei por caminhos estreitos

Já acreditei no amor, ilusão quase nula da dor, mas me desencorajei, virei arte, passaro de marte, espelho da má verdade

Fui amigo da esperança, bela e frágil criança, investi em ações, esqueci das reações, inventei tantas novas funções

Hoje ando pelo mundo, vagando imundo, sem alma nem cor, saboreando pequenos delitos, explicando sem razão, educando um novo coração.

terça-feira, 14 de março de 2006

One

Um sonho
Viver
Um desejo
Crescer
Uma vontade
Entender
Um destino
Sofrer

domingo, 12 de março de 2006

Caras Palavras

Dentro da tua alma sou pecador
Vivo no escuro, sem luz nem dor
Mentiras, traições, incompreensão
Pequenos pedaços de desilusão
Dentro da tua alma sou estúpido
Caras palavras, estranho e súbito
rigas, confusões, ressentimentos
Frágeis estímulos de arrependimento
Dentro da tua alma sou imbecil
Sementes sujas de um amor pueril
Acasos, desencontros, inimizades
Doces frases de falsa verdade
Dentro da minha alma és eterna
Inúmeros erros, constante espera
Esperanças, fantasias, alegrias
Habituais pílulas de nostalgia

quinta-feira, 2 de março de 2006

Sem Amor

Que amor me diz que ama como o seu?
Que amor tanto me clama como o teu?
Quando o amor é soberano, eu sou plebeu
Quando o amor desaparece, imagino eu
Que amor escancara tuas virtudes reais?
Que amor absorve meus erros banais?
Quando o amor insiste, somos fatais
Quando o amor desiste, nunca mais
Que amor perdoa meu vazio coração?
Que amor não enjoa em meio a tanto não?
Quando o amor prevalece, perde a razão
Quando o amor esquece, fico sem perdão
Que amor viaja sincero por tanto tempo?
Que amor sobrevive sem documento?
Quando o amor esbanja, é como o vento
Quando o amor explode, sempre tento

quarta-feira, 1 de março de 2006

Todo Carnaval Tem Seu Fim

Vocês conhecem o Carnaval? Um cara bacana que um dia foi alegre, saia para passear com a bondade e a simpatia no coração. Cantava, sambava, dançava, jogava a vida em meio à multidão esperando para receber de volta. E conseguia.
Em todo lugar lá estava ele, era adorado, brincado, ressaltado de Chico Buarque a Antônio Jobim, de Zé Kéti a Cartola, de Portela a Mocidade. Saia às ruas, descia os morros, subia as escadarias, escancarava a fantasia de um povo que adorava brincar de ser feliz.
Com seus olês-olâs, ziriguiduns, chuês e chuâs, iluminavam alguns dias com o frescor da juventude novamente, com o riso exagerado dos enamorados, com o amor em beijos memoráveis, com os pés daqueles que não sabiam sambar jamais sendo desprezados mas adicionados à eterna folia.
Mas o Carnaval se foi. Esse ano realmente não o vi. Não sei se como um Pierrot apaixonado chora as lagrimas de alguma concubina maldosa, ou se de tanto se divertir enjoou de ir a diversos lugares. Procurei por onde andei e não o encontrei.
O Carnaval que me mostraram era um negócio de “Saborosa....”, ou “Se ela dança, eu danço...”, que confesso sem vergonha que dancei (e não tenho nada a reclamar das meninas que perto de mim também dançavam estonteantes), mas no meio de tudo senti a falta do meu amigo Carnaval, que do meu lado não veio parar.
Onde andará penso eu? Será que algum dia voltará?

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Como o Vento

Vento ao longe, nada por nada
Parceiro de vida, livre ao mar
Vento que sopra, apaga a pegada
Passado assim, não quer estar
Vento desperta, joga bem longe
Saudade que insiste, além horizonte
Vento que muda, brinca contigo
Presente que assusta, teu novo abrigo
Vento que inunda, cala o deserto
Palavras que fluem, desejo incerto
Vento que sopra, assim sem porque
Coração que chora, sem mais querer

Vento que é vento, sempre original
Espelhos que falam, não foi por mal
Vento que voa, sempre com paixão
Tristeza que ecoa, assim sem razão

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Marcas Nada Especiais

"Estou velho", pensou ao acordar e se olhar para o espelho na frente da sua cama. Se levantou, sentou na cadeira costumeira, parceira e confidente dos últimos anos e começou a acariciar seu rosto e as marcas do passado nele contidas. Pensava que quando chegasse nessa idade cada ruga lhe contaria uma estória diferente, uma aventura sem precedentes, mas não era assim. Seu rosto franzido nada lhe dizia, a não ser palavras modestas e sem graça alguma.
Foi uma pessoa padrão na sua vida, honesto, trabalhador, contribuiu para a sociedade, se casou, teve filhos, fez tudo que devia fazer de acordo com seus pais, mas não fez nada que suspeitava que fosse capaz. Não mudara o mundo, se adequara a ele. Grandes aventuras não teve, só as da video locadora ao lado na tela da sua tv. Grandes amores, só suposições de grandes paixões. E hoje sentado em sua cadeira habitual, não tem nada pra lembrar, nada pra viver, está somente a espera de deixar esse lugar e ir para outro com suas marcas nada especias, a ouvir Sinatra cantar.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Como uma vida qualquer

Meu nome é Marcos Almeida, não, não tenho nenhuma virtude em especial, sou apenas um cara normal cansado de correr na direção contrária sem pódio de chegada, ou beijo de namorada. Tenho uma vida como a de qualquer outro, sou cidadão respeitável, cristão convicto, burguês padrão, consegui passar no vestibular pela primeira vez aos 16 anos. Hoje tenho 28.
Nessa vida que passa já fiz de tudo, já passei por poucas e boas, já fui punk, new wave, comunista, grunge e o que mais pude ser, hoje sou apenas o Marcos Almeida, nada demais. Nesses anos consegui um bom trabalho, uma boa casa, vivo muito bem para um solteiro na minha idade, tenho meus luxos e minhas idiossincrasias como qualquer outro mortal, tenho até sonhos de vez em quando, imagine você.
Aliás, você deve estar se perguntando porque estou te contando tudo isso, afinal de contas o que você tem a ver com a minha vida? Já tem tantos problemas e ainda tem que escutar minhas besteiras. Na verdade, nem eu sei ao certo porque estou lhe contando isso, acho que no fundo percebo que tenha alguma importância, seja lá qual ela for. Acontece que apesar de toda essa vida boa que Deus me ajudou a construir, nunca me senti completo, feliz de verdade. Me vestia em diversas caricaturas e ia embora, seguia a vida. É claro que vivi muito, muito mesmo, afinal de contas se chorei ou se sofri o importante é que emoções eu vivi, já dizia o Robertão, só que minha vida ainda parecia vazia, sei lá faltava um sentido.
Foi quando na empresa inventaram um "diabo de projeto de responsabilidade social", pensara eu, "tantos projetos a serem terminados, tantos clientes a serem conquistados e querem que a gente perca tempo com isso, não tem condições". Mas, como era obrigado participar devido aquelas baboseiras que de vez em quando passam pela cabeça do setor de RH (Sinceramente, você já viu algum setor que muda de idéia com mais freqüência que o RH ? ), eu fui.
Fomos a um desses subúrbios, visitar uma creche que a empresa prestava auxilio financeiro, não por mera bondade é claro, e sim devido aos descontos que poderia obter no Imposto de Renda e ainda passar uma boa imagem aos seus clientes, mero marketing. Lá chegando, participamos de algumas brincadeiras idiotas com as crianças, imagine só; senhores no alto dos seus 50 anos, brincando de dança da cadeira com crianças de 5, sinceramente não dá. Depois de um tempo, já cansado, sentei em um banco pra respirar e reclamar da minha vida comigo mesmo, (coisa que faço com inegável maestria), quando chegou um menino de no máximo 8 anos , que vendo meu cansaço, perguntou se queria água, respondi que sim e ele prontamente se dispôs a ir buscar, trouxe, se sentou e começou a conversar comigo.
De súbito, empolgado pelo sorriso daquela criança que me contava como era sua casa, sua escola , sua vida, me dizendo o quanto queria ter aquele brinquedo que via na TV chamado vídeo - game, só que infelizmente sua mãe não podia comprar, que às vezes só comia uma vez por dia, lá na própria creche, pois quando chegava em casa não tinha comida para ele e seus cinco irmãozinhos, e que apesar de todas essas coisas ainda vivia sorrindo, sonhando em ser bombeiro quando crescesse. Para minha surpresa, perdi a noção do tempo e do espaço ao me ver conversando sobre as maiores questões do universo infantil, como se um dia o pessoal da caverna do dragão ia conseguir voltar pra casa, se o Smurf apaixonado ia conseguir namorar com a Smurfete, se o Tom nunca conseguiria pegar o jerry, se o Coiote pegaria o Papa Légua e coisas do tipo.
Me despedi do menino cujo nome era João, e fui pra casa. No conforto do meu sofá assistindo um seriado americano igual a todos os outros seriados americanos que passam na TV a cabo, percebi que era isso que faltava pra mim, faltava ajudar alguém, fazer algo de bom, que saísse das minhas questões de trabalho, do meu dia a dia, ajudar a conquistar algo mais que somente aquilo que eu queria.
Me juntei com mais quatro amigos e hoje damos uma pequena ajuda financeira a creche, besteira pra gente, coisa que gastaríamos em um final de semana qualquer, mas uma imensidão para aquelas crianças. Conseguimos também, que nossas empresas doassem alguns computadores velhos que não usavam mais e todo sábado de manhã ensinamos essas crianças a utilizar o computador, depois ainda jogamos bola com eles de vez em quando, e sempre saio de lá revigorado, vendo o sorriso do menino João, que me dá novas forças pra continuar a minha vida como ela sempre foi, só que agora com um pouco mais de sentido.
Por que lhe contei isso ? Não sei , quem sabe você saiba.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

As Três Estrelas

Pedro desde pequeno sempre fora muito medroso, muito preocupado com a vida. Quando pequeno tinha medo de jogar futebol e se sujar, pois talvez o sujo não fosse sair mais, tinha medo de ver um filme de terror, pois achava que não iria conseguir dormir e outras coisas mais.
E assim ia vivendo repleto de receios e temores, desconfiado pelos quatro cantos, sem nunca se entregar de verdade a alguma brincadeira, sem nunca se divertir de verdade como as outras crianças do bairro. O tempo ia passando e Pedro ia crescendo, entrando na adolescência, começando a sentir os primeiros sintomas de tal época, passou a olhar as meninas com outros olhos e eis que um belo dia, se apaixonou por Maria Luiza, uma colega de classe e uma das meninas mais bonitas do colégio.
Pedro ficava retraído quando a via, ficava sem saber o que fazer, o que falar, como agir. Levou dentro de si esse sentimento durante o ano todo, sem dizer nada a ninguém. Ao chegar o final do ano, Mauro seu melhor amigo desde os tempos de jardim, descobriu suas intenções para com Maria Luiza e passou a incentivá-lo a ir atrás, a falar tudo que queria.
Na tradicional festa de fim de ano, impulsionado pelos amigos mais velhos, Pedro no auge dos seus 14 anos, tomou o primeiro porre de sua vida para criar coragem e resolver ir falar com sua quimera. Lá chegando com um bafo horrível e trocando palavras a cada minuto, foi tratado de maneira grosseira pelo seu primeiro amor e decidiu naquele próprio instante que nunca mais ia tomar atitude alguma na vida, que ia se esconder com medo e não queira mais saber de nada, principalmente de paixões.
Depois de um determinado tempo, Pedro estava sentado na varanda de sua casa, quando o seu avô que por lá estava passando uns dias, lhe viu tristonho e o chamou para conversar. O menino contou o que houvera acontecido, que era melhor ele não ter feito nada e continuar calado, que tinha se arrependido de ter exposto seus sentimentos. Foi quando seu avô, pegou sua mão e disse:
- Meu neto, se você não tivesse feito nada, passaria a vida pensando em como teria sido e lamentaria a cada dia. Nessa vida que passa, temos que arriscar, pois ela detesta quem tem medo, quem não consegue vivê-la. Agora olhe para o céu veja aquelas três estrelas lá em cima, estás vendo? Essas estrelas são conhecidas como a “Luz da Felicidade” e toda vez que você se sentir triste, magoado, com medo do que poderá vir, olhe para cima e se elas estiverem brilhando para você, tudo dará certo.
Pedro olhou para o alto e ficou a pensar por horas a fio.
Desde esse dia, quando algo de ruim acontecia, ele olhava para cima e buscava as três estrelas que brilhavam e faziam seguir em frente, se levantar, a ter coragem de tentar as coisas que podiam dar certo na sua vida.Mesmo hoje com 48 anos, empresário bem sucedido, casado com Estela, a mulher de sua vida, com a qual tem quatro filhos adoráveis, Pedro ainda olha para o céu quando algo acontece de ruim e delas extrai força para continuar.
Na verdade, essas três estrelas nunca existiram, nunca houve “Luz da Felicidade” alguma, era tudo invenção do seu avô para levantar sua moral. Por mais que ele não tenha percebido até hoje, o que o impulsiona na vida são as palavras que escutou em sua infância, essas palavras são suas verdadeira estrelas.
E é assim com todos nós, todos temos algo que nos leva para frente, que nos faz seguir apesar de todos os obstáculos dessa vida, que nos faz buscar intensamente essa palavra chamada felicidade, que nos faz cometermos os mesmos erros, que não nos faz desistir, nunca deixar de tentar, pois a vida tende a ser maravilhosa se não tivermos medo dela.
E se a vivermos de verdade.

domingo, 29 de janeiro de 2006

De Nada

“De nada” respondi depois de algum tempo, enquanto a dose de campari descia mais amarga do que nunca, como um anti bálsamo que em vez de curar, feria. Estava sem ação, atônito, confuso como nenhum outro ser já estivera antes. Não fazia nem 30 minutos que abrira meu coração para aquela mulher na minha frente, a qual já convivia há anos e agora depois de tanto tempo chamara para algo mais sério, quando do nada ela simplesmente disse que não sabia mais o que sentia por mim e que era melhor esquecer nossa vida juntos, a vida que nem chegamos a construir.
Depois de tudo ainda teve o desplante de me dizer “Obrigado por tudo que você fez por mim, com você aprendi a ser mulher e hoje com certeza sou uma pessoa muito melhor graças a você, obrigado mesmo.” E eu idiota que sou, em vez de fazer um escândalo, quebrar uma garrafa no chão, chamar a atenção de todos no restaurante, invocar todos os palavrões que conheço para a direção dela, simplesmente baixei a cabeça e disse “De nada”, enquanto ela me dava um beijo na testa, ia embora e dizia que podíamos ser bons amigos.
Quando me refiz do choque, consegui raciocinar olhando para a conta de dois pratos caríssimos que nem chegamos a provar e para o anel que trazia nas minhas mãos, parcelado de quatro vezes e com o qual daria um passo enorme abolindo minha solteirice e vida desgrenhada para ser um dono de casa, um senhor do lar, constituindo família e fazendo todas as coisas que uma família faz. Bons amigos...bons amigos o escambau!, como ela pode ser tão fria, o que eu fizera de errado?
E agora enquanto ando a esmo olhando para o mar só consigo pensar nisso, sem saber ao certo o que fazer, de nada valeu tudo que fiz esse tempo todo. É....”De nada”...

A Carta

Essa é a carta de amor que nunca te escrevi.
A carta que nunca te mandei.
Se fosse escrever essa carta algum dia, talvez começasse de qualquer jeito.
Talvez contasse uma história antes, fizesse analogismos, coisas assim.
Só é certo que usaria diversas metáforas pra esconder meu tosco amor.
Nesta carta não teria declarações de amor descabidas, sentimentais.
Não diria nunca "não vivo sem você", "sem você eu morro".
Sabemos que vivemos muito bem sem estarmos lado a lado.
Diria até que conseguimos levar melhor a vida sozinhos.
Mas essa carta não teria porquê em dizer isso, afinal seria uma carta de amor.
Nela colocaria apenas que sinto falta, bastante falta.
Falta dos momentos bons, mas também dos momentos ruins.
Falta dos teus defeitos, tuas frases feitas, teu jeito perfeito.
Falta das tuas besteiras, e até mesmo das tuas dúvidas.
Falta simplesmente de estar do teu lado.
Diria acho também, que sinto falta das tuas risadas, raras porém maravilhosas.
E falta de tudo que achava que nunca iria ter falta.
Complicado isso tudo na verdade.
Como dizer tudo agora, coisas que nunca disse.
E como esperar que tu entendas, já que nunca me entendeste.
Mas não vamos brigar, essa carta não seria pra isso.
Seria pra dizer que as vezes sou idiota, confesso, mas não percebo.
Que por mais que tentasse, sempre me escondi atrás de cenas como um filme.
Que nas coisas mais estupidas lembro de você.
Seja vendo um programa de TV, escutando uma música.
Basta uma besteira para que as lembranças passem em minha mente.
Mas isso acho que não te diria, te deixaria muito bossal.
Não espere dessa carta mentiras, ilusões, eloquência.
Espere somente sinceridade, é o que posso te dar.
Sei que não somos perfeitos, mas afinal quem é?
E talvez seja isso a grande graça, o grande motivo estarmos juntos.
Mas não posso me alongar demais com meus devaneios.
Nessa carta diria simples e fácil assim: Gosto de você!
Não como gosto das outras pessoas.
Gosto de você de um jeito especial.
Pronto, é isso.
Para a sua satisfação falei.
E caso ache essa carta de amor rí­dicula e absurda.
Podes ter certeza disso.
Como diria o poeta, todas as cartas de amor são.
Mas isso não a deixa menos importante.
Se um dia eu te mandasse.

terça-feira, 24 de janeiro de 2006

Pequim

E me chamaram de solidão
Sem nem ao menos me conhecer
Me impuseram mil perdões
Não pude nem sequer saber
E me apostaram como mortoS
em mais alma, sem vontade
Um triste corpo a vagar a esmo
Implorando uma palavra de piedade
Mas não era bem assim eu diria
Quando mais perdido, eu sorria
Apostava em novas percepções
Corria firme ao lado dos dragões
E tudo se iniciava de novo assim
Notas de uma música em Pequim
Morrerei um dia podem esperar
Mas não antes do meu sorriso fechar

terça-feira, 17 de janeiro de 2006

Quando a morte chegar...

No dia que a morte bater na minha porta para realizar a razão da sua existência, tirando minha alma daqui e colocando-a em algum lugar que não sei ao certo, quero poder ir com a consciência tranqüila. É certo que não estamos preparados para isso, mas eu queria estar. Enquanto a morte toma uma cerveja na sala de jantar esperando a hora chegar, bateria um papo, e quando ela me perguntasse “E aí, meu caro, agora que estás prestes para ir embora, valeu a pena estar aqui?”
Saboreando minha Brahma Premium bem gelada, queria responder que sim. Não por ter feito nada em especial, mas por ter sido justo, sincero e honesto durante grande parte da minha existência, sendo um cara médio, que viveu sua vida de forma tranqüila, mas com a cabeça limpa por nunca ter sacaneado com ninguém, não ter arrumado sua vida tirando proveito dos outros, bancando o esperto a toda hora, sendo um exemplo de mau-carater e sucesso, abonado por toda a hipocrisia da nossa sociedade.
Evidente que teria muitas falhas, decepções e frustrações acumuladas, e quando a morte me perguntasse “Terias feito diferente?”, responderia que sim, afinal quem não quer uma segunda, terceira ou quarta chance, ainda mais para um cara perfeccionista como eu. “Mas não vivi de forma triste”, continuaria a contar para ela, “pelo contrário, tive uma vida bastante para cima. Me diverti um bocado, aproveitei muito, mas tem sempre algo que deixamos de fazer”.
Quando tudo estivesse mais ou menos pronto para a partida, abriria outra cerveja e faria um brinde, não pela vida, muito menos pela morte, mas pela paz, por viver em paz, por não deixar que a hipocrisia, falsidade, mentiras e traições sejam partes constantes da nossa personalidade, que sigamos sempre acreditando que sermos justos e sinceros ainda vale a pena, que não abraçamos mais tanta gente mesquinha que vive ao nosso redor, nos envolvendo com sua pobreza de espirito e sua falta de ideais.
E que principalmente consigamos perceber que esse negócio de esperar demais da gente e das pessoas é o que faz a vida ser um pouco menos divertida. Até a próxima gelada, seja ela onde for.

sábado, 14 de janeiro de 2006

Um Novo Lugar

Obs: Versos datados de 15/01/1997
Um dia eu vi castelos surgir, tristezas voando pelo ar
Vi a beleza, vi a esperança de um povo, um novo lugar
Um dia sonhei viver em paz com respeito aos meus ideais
Vi a verdade, felicidade andando na luz do luar
Um dia ouvi palavras de amor da boca de um trovador
Vi a vontade, a novidade, sem raças, sem credos, sem cor
Um dia saí sem mais temer de para casa não mais voltar
Vi as pessoas alegres, cantantes ,sentadas a beira do mar
Um dia acordei, parei e olhei
E vi que não era bem assim
Vi a miséria, vi a ganância
Lamentei não estar mais a sonhar

segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

Meio Morto

Um “procura-se” colocado na minha porta
Estampado de cores surreais, distintas
Fantasiado com molduras de ouro puro
Resultando em nada mais do que o normal
“Por favor use o cinto”, controle-se
Não deixe seus sonhos dominarem você
Óculos disfarçam aquilo que não vejo
Como dores, amores e magoas sem fim
No meio de tudo, desnudo como o começo
Participando de uma corrida maluca
Com esforços, sem coragem, sem vida
Colocando o mal ao lado do meu bem
Espere por fevereiro, dirá a velha anciã
Jogando suas cartas no meio da praça
Enquanto assumo falsas identidades
Morto, meio morto, fugaz, eternamente