quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Retornos

Acredito no amor. Assim como acredito que o Brasil pode melhorar e que todas as pessoas mesmo as mais imperfeitas tem direito a uma segunda chance. Sou um grande fã das segundas chances. Acredito também em voltar a ver o Flamengo brilhar. Acredito na música. Acredito na renovação. Acredito ainda até que vou perder alguns quilos e voltar a caber em algumas roupas, como também acredito que ainda podemos fazer algo para mudar o mundo no nosso dia a dia.
Difícil acreditar nisso não? Ser um imenso sonhador quando a vida vai te deixando mais velho, cansado e descrente, parece uma grande burrice não é verdade? Na verdade a grande burrice é não acreditar, é não crer em mudanças, é ficar reclamando da vida, resmungando de atos e passagens mal sucedidas. Desacreditando sonhos, cobrando favores de ilusões, sentando a beira do caminho da fé.
Acredito no amor acima de tudo pelo simples fato de que ele existe. Nobre e honesto, apesar de sua eterna inconstância. Acredito no amor quando ouço um disco do Morrisey ou quando “All You Need Is Love” dos Beatles toca em algum lugar. Acredito no amor organizando uma caixa velha com cartas amarelas, cartões bobos e declarações não atendidas. Acredito no amor, pois creio no aprendizado do erro e na estrada do conserto. Não me vejo sem acreditar.
Acredito em mudar o mundo de alguma forma, ajudando quem mais precisa do meu lado, não sentando a bunda em uma cadeira bem acolchoada, tomando um vinho e criticando tudo e todos ao meu lado. O mundo pode ser mudado pela bondade, solidariedade, compaixão. O mundo pode ser mudado enquanto damos um prato de comida ou quando encaramos algum projeto social. O mundo pode ser mudado até mesmo quando fazemos uma poesia.
Já desisti de não acreditar, muito de mim mudou e tentou me deixar descrente, mas a força da fé na vida, da fé na mudança, da fé nas pessoas, continuava viva. Acredito. Isso para mim me dá força. Acredito. Porque não sei viver sem acreditar. Acredito porque a vida insiste em nos dar novas chances, em oferecer retornos para começarmos uma segunda vez, retornos para que possamos ser mais do que achamos que podemos ser.

Nenhum comentário: