quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

As Três Estrelas

Pedro desde pequeno sempre fora muito medroso, muito preocupado com a vida. Quando pequeno tinha medo de jogar futebol e se sujar, pois talvez o sujo não fosse sair mais, tinha medo de ver um filme de terror, pois achava que não iria conseguir dormir e outras coisas mais.
E assim ia vivendo repleto de receios e temores, desconfiado pelos quatro cantos, sem nunca se entregar de verdade a alguma brincadeira, sem nunca se divertir de verdade como as outras crianças do bairro. O tempo ia passando e Pedro ia crescendo, entrando na adolescência, começando a sentir os primeiros sintomas de tal época, passou a olhar as meninas com outros olhos e eis que um belo dia, se apaixonou por Maria Luiza, uma colega de classe e uma das meninas mais bonitas do colégio.
Pedro ficava retraído quando a via, ficava sem saber o que fazer, o que falar, como agir. Levou dentro de si esse sentimento durante o ano todo, sem dizer nada a ninguém. Ao chegar o final do ano, Mauro seu melhor amigo desde os tempos de jardim, descobriu suas intenções para com Maria Luiza e passou a incentivá-lo a ir atrás, a falar tudo que queria.
Na tradicional festa de fim de ano, impulsionado pelos amigos mais velhos, Pedro no auge dos seus 14 anos, tomou o primeiro porre de sua vida para criar coragem e resolver ir falar com sua quimera. Lá chegando com um bafo horrível e trocando palavras a cada minuto, foi tratado de maneira grosseira pelo seu primeiro amor e decidiu naquele próprio instante que nunca mais ia tomar atitude alguma na vida, que ia se esconder com medo e não queira mais saber de nada, principalmente de paixões.
Depois de um determinado tempo, Pedro estava sentado na varanda de sua casa, quando o seu avô que por lá estava passando uns dias, lhe viu tristonho e o chamou para conversar. O menino contou o que houvera acontecido, que era melhor ele não ter feito nada e continuar calado, que tinha se arrependido de ter exposto seus sentimentos. Foi quando seu avô, pegou sua mão e disse:
- Meu neto, se você não tivesse feito nada, passaria a vida pensando em como teria sido e lamentaria a cada dia. Nessa vida que passa, temos que arriscar, pois ela detesta quem tem medo, quem não consegue vivê-la. Agora olhe para o céu veja aquelas três estrelas lá em cima, estás vendo? Essas estrelas são conhecidas como a “Luz da Felicidade” e toda vez que você se sentir triste, magoado, com medo do que poderá vir, olhe para cima e se elas estiverem brilhando para você, tudo dará certo.
Pedro olhou para o alto e ficou a pensar por horas a fio.
Desde esse dia, quando algo de ruim acontecia, ele olhava para cima e buscava as três estrelas que brilhavam e faziam seguir em frente, se levantar, a ter coragem de tentar as coisas que podiam dar certo na sua vida.Mesmo hoje com 48 anos, empresário bem sucedido, casado com Estela, a mulher de sua vida, com a qual tem quatro filhos adoráveis, Pedro ainda olha para o céu quando algo acontece de ruim e delas extrai força para continuar.
Na verdade, essas três estrelas nunca existiram, nunca houve “Luz da Felicidade” alguma, era tudo invenção do seu avô para levantar sua moral. Por mais que ele não tenha percebido até hoje, o que o impulsiona na vida são as palavras que escutou em sua infância, essas palavras são suas verdadeira estrelas.
E é assim com todos nós, todos temos algo que nos leva para frente, que nos faz seguir apesar de todos os obstáculos dessa vida, que nos faz buscar intensamente essa palavra chamada felicidade, que nos faz cometermos os mesmos erros, que não nos faz desistir, nunca deixar de tentar, pois a vida tende a ser maravilhosa se não tivermos medo dela.
E se a vivermos de verdade.

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