quarta-feira, 17 de agosto de 2005

Nada Especial

E lá se via ele parado novamente a olhar para o horizonte com a nevoa cobrindo suas percepções, suas ideias, deixando transparecer cada vez mais sua inabilidade para tratar das coisas da vida. Não era a primeira vez nos últimos dias que saia andando a esmo antes de ir trabalhar, precisava reorganizar as ideias, o mundo lhe parecia cada vez mais sujo e vulgar e isso lhe causava um tremendo mal estar.
Havia jogado fora tudo que lembrara seu passado, não queria mais revigorar nada que lhe deixasse mal, queria partir para coisas novas, outras pessoas, estava completamente exausto do mais do mesmo que havia se tornado sua vida. Sempre acreditou que era só esperar, que o tempo, o destino certamente seriam bondosos, mas pura decepção, cada novo dia que passava só agregava mais inutilidades no meio do seu caminho.
Caminho esse que por mais que quisesse não conseguia largar, seu amor ainda era incondicional e nada que fizesse poderia mudar isso. Chegou ao trabalho, deu bom dia a todos, organizou sua agenda, passou pelo orkut e se debruçou novamente sobre seus projetos que não lhe traziam alegria nenhuma ao som de Damien Rice tocando em seu fone. Os pensamentos iam e viam, enquanto ele percebia que não era nada especial, apenas mais um cara normal, sem sorte e assim como em “Cem anos de solidão” de Gabriel Garcia Marquez, fadado a solidão.

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