domingo, 11 de dezembro de 2005

A Música Popular Brasileira

Na identidade cultural do nosso país pelo mundo afora, sempre nos identificam como a terra do futebol e da música (seja samba ou outra qualquer), sendo que evidentemente essa imagem é meio distorcida, servindo de estereótipo, pois afinal de contas temos muito mais do que isso na nossa “identidade cultural”. Mas a questão que será abordada não se reflete a isso, mas sim a colocação dos “ídolos” da nossa música popular brasileira, nossa querida mpb nos dias atuais.
Determinados artistas levaram a música brasileira a um patamar de admiração no mundo todo pela diversidade e qualidade de suas composições e melodias. Caetano Veloso, Tom Jobim, Gilberto Gil, João Gilberto, Chico Buarque, Jorge Ben, Maria Betânia, entre outros, são pilares de todo um processo de excelência musical pelo nosso país demonstrado e consolidado a partir dos anos 60.
Dentro desse contexto de genialidade é meio frustrante para uma geração de fãs, absorverem as recentes obras desses compositores. O que um dia foi revolta se transformou em acomodação, o que era inovador virou lugar comum e nada parece abalar a convicção de que pelo que eles já fizeram não podem ser criticados, se tornando artistas acima de qualquer suspeita.
Desses que citei acima, com exceção de Tom Jobim (por motivos óbvios, visto seu falecimento) e Chico Buarque (sempre relevante), os outros lançam discos cada vez menos inspirados e nos moldes de suas canções anteriores. Caetano Veloso por exemplo, um dos idealizadores da tropicália, parte essencial na ressurreição da nossa música, inovador, com discos essenciais dos anos 60 a 80, não lança nada que vale a pena se considerar desde “Circuladô” de 1991. Ao contrário disso, investe na fórmula de regravar canções de outros estilos em seu esquema voz e violão para vender em novelas e tocar no rádio. É muito pouco para alguém do porte dele.
Nosso ministro da cultura Gilberto Gil, também não lança nada inédito que tenha qualidade há muito tempo, se atendo a discos de regravações conceituais como as homenagens a Bob Marley (que é muito boa, mas não é trabalho dele) e a música junina. Maria Bethânia opta em lançar discos cheios de pose, mas sempre com a mesma idéia e concepção. Jõao Gilberto, o pai da bossa nova, é um eterno eremita. Jorge Ben desde que virou Benjor tem sua qualidade musical diminuída ano a ano, com raras exceções como o acústico mtv de anos atrás.
Dessa forma, é bastante difícil culpar alguém mais jovem que comece a despejar criticas e mais criticas ao trabalho desse rol de artistas, visto que sua produção musical que é de uma qualidade assustadora e fundamental, nos últimos 10, 15 anos vem constantemente perdendo a importância, devido a acomodação que tomou conta, uma vez que é difícil de acreditar em perda de talento com tanta coisa relevante já feita anteriormente.
Nesse contexto todo, quem perde com isso é a nossa música, nossa cultura, que se vê cada vez mais jogada a modismos passageiros e a proliferação de estilos sem tanta qualidade, ajudando em parte a fechar mais ainda o circo que toma conta da industria fonográfica brasileira. É fato que tem novos compositores como Chico César, Lenine, Zeca Baleiro, Paulinho Moska, Marisa Monte, Arnaldo Antunes entre outros, lutando para revitalizar o cenário e torcemos seriamente para que sejam capazes disso. Enquanto isso, é torcer que os nomes consagrados voltem a lançar bons discos e ajudem a tornar nossa música mais interessante do que está hoje.

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