sábado, 22 de janeiro de 2005

Estrada do Surreal

Na minha estrada surreal carrego mil ilusões
Desejo ir embora, sem rumo, sem nada, só ir
Nela encontraria algumas pessoas a caminhar
Encontraria Kerouac, Ginsberg, beatniks mal tratados
Viajariamos quilômetros divagando sobre nada
Vomitando palavras com gosto de whisky falsificado
Dormindo em moteis sujos com mulheres seminuas
Correndo nus pelas ruas de uma cidade qualquer
Encontraria Morrison e Janis tomando um conhaque
Ao lado de algumas substâncias não muito legais
Com um blues dos anos 30 sendo entoado feito um mantra
Carregado de dor e solidão, de prazos e atrasos
E no meio do caminho lá estaria ela sozinha
A doce Alice, livre de todas as suas maldades
Seu mundo de maravilhas deixara para trás
E andariamos a mil devotados um para o outro
Encontraria Roger Rabbit trapaceando e enganando todos
Jogando pôquer com os três porquinhos e o lobo mau
Dentro de um casebre cor de vinho com janelas verdes
Onde Tim Burton estaria lendo um livro de Heminghway
Quando a noite em uma festa suburbana, de classe média
Lady Di passearia ao lado de plebeus como zumbis
Soariam hinos, sinos, canções de guerras vitoriosas
Enquanto Oscar Wilde olharia tudo com sublime desdem
Nessa minha estrada surreal não teria obrigações
Seria mais um palhaço sem graça, um ator fracassado
Inventando poemas em um caderno meio amassado
Perdendo e fazendo amores em qualquer esquina
Por essa estrada seria mais livre, mais desconexo
Não exigiria tanto de mim e de quem anda comigo
Pensaria somente no hoje, ao invés dos amanhãs
E seria quem sabe um pouco mais absurdo que feliz

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