segunda-feira, 24 de janeiro de 2005

Triste Palhaço

E ele era assim.
Um palhaço fracassado, que já não via mais graça na profissão, que já não tinha palcos para atuar, nem crianças para divertir.
Ele definitivamente virara um palhaço triste.
Mas nem sempre fora assim.
Ainda se lembrava dos seus tempos de glória, onde divertia milhões de pessoas, arrancava sorrisos onde menos se esperava.
E era para isso que havia dedicado a sua vida.
Considerava-se acima de tudo um fazedor de sorrisos.
Um fazedor de sorrisos.
Que não tinha mais força, que não tinha mais vida.
Sua chama, sua luz se apagara em algum momento perdido, em alguma desilusão, em alguma mesa de bar entre uma dose e outra.
E agora andava por aí­ representando o seu próprio papel, sua própria vida, vivendo seus fracassos reais, suas frustrações diárias.
E dessa forma ia vivendo.
Entre uma moeda e outra, entre uma vida e outra.
Amassado em alguma esquina.
Contando piadas para o alguém.
Pintando seu rosto para ninguém.

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